Empresas são medíocres. E todo mundo sabe disso.

* Meus textos, *Marketing, *Planejamento

A grande maioria das empresas que conhecemos e usamos não ligam a mínima para seus clientes e produtos. Isso simplesmente não faz parte da sua cultura. Não faz parte do seu DNA, do seu propósito e da sua razão de existência. Esse não é o objetivo principal dessas empresas. Basta ler aquela baboseira das empresas sobre missão, valor e propósito. Pura papagaida e presepada. Muitas vezes “construídas” por uns caras que são de fora – e foram contratados para fazer esse “job”.

O negócio desses caras é cronograma, preço, plano de marketing… esse tipo de coisa. O produto é secundário. O verdadeiro negócio dessas empresas é ser medíocre. É ser mediano. O produto não precisa ser o melhor, precisa apenas ser entregue. O objetivo de verdade é entregar um padrão que é colocado como patamar aceitável. E lucrar em cima disso, lógico. O foco é entregar o mínimo possível. O objetivo é ter alguma desculpa para o pessoal de marketing tentar vender o produto. Isso é simplesmente uma questão de foco. O que existe é uma inversão de valores. Eles primeiro criam uma empresa para gerar lucro – e depois correm atrás da tal de missão, valor e propósito.

Olhe para os produtos a sua volta. Pense em features básicos. Tenho certeza que você já pensou em algumas melhorias que podem ser aplicadas nesses produtos ou serviços. Melhorias básicas e óbvias. Tenho certeza que os caras da empresa também pensaram nisso. Mas porque eles não fazem? Porque esse simplesmente não é o seu foco. Na verdade o objetivo é ser medíocre. Dá até para sentir a vergonha do pessoal de marketing nas reuniões de briefs. Porque você acha que essas empresas tem tanto medo das redes sociais?

Pior é que no final sobra para nós a função de fazer alguma mágica. E o gênio imortal Bill Bernbach já disse a muito tempo: “A mágica está no produto. Propaganda não cria uma vantagem para o produto. Ela pode apenas convencer o consumidor desta vantagem”.

Claro que eu acredito em propaganda e acho que ela tem um papel importante nesse processo – mas o produto ou o serviço é que deveriam ser sempre o foco principal das empresas. Pior é que cada vez mais eu começo a considerar a frase – “Advertising is the price you pay for having an unremarkable product or service”. Sob esse ângulo e nesses casos faz todo o sentido. Ou você comprou produtos da Apple por causa da propaganda?

#CannesLions2012

* Campanhas, * Cases, *Cannes

Os dois primeiros GPs em Cannes nesse ano. Repare que esses dois cases vão além da mensagem – para se tornar um movimento cultural.

1)Case da JWT que levou o Grand Prix na categoria PR: “The Most Popular Song”

2)Case da  Crispin Porter + Bogusky que levou GP na categoria Promo: “Small Business Gets an Official Day”

Coca Cola Security Cameras

* Campanhas, * Internet, * Videos comerciais

Sempre falo que uma marca com uma causa e um propósito maior pode fazer qualquer tipo de ação para expor seu ponto de vista e fortalecer esse movimento. No final das contas é isso que permite o tal do 360º. É isso que permite aumentar ainda mais a relevância da marca através da afinidade de visão e personalidade com o seu público. Afinidade de crença. É exatamente isso que a Coca-Cola faz em todas as suas diversas ações que vemos pelo mundo. Essa é mais uma que reforça essa idéia. Muito bom.

Você pode errar?

* Meus textos, *Planejamento

Propaganda não é uma matéria exata. Não existe certo e errado até que se prove ao contrário. Quanto mais conhecimento adquirimos a respeito de um determinado assunto ou problema, mais entendemos que nenhuma verdade é 100% absoluta. Quer dizer, até o fracasso ou o sucesso, você sempre estará no escuro. Você sempre estará certo ou errado até tentar.

Isso não quer dizer que as estratégias devam ser percebidas como alternativas – o que não é realmente verdade – porque estratégia implica, principalmente, em um melhor desempenho. De qualquer forma, o erro deveria fazer parte do processo da tentativa de fazer melhor e de fazer diferente.

A não ser que você siga os “padrões-comuns-já-vistos-antes” e continue fazendo o que todo mundo já fez para uma determinada categoria ou comportamento humano. Aí com certeza você não vai se expor tanto ao erro – mas também com certeza não vai alcançar nenhum resultado muito diferente.

Bill Bernbach já disse uma vez: “The same tools, the same statistics, are available to us all. If we use them in the same way we’ll end up with the same solutions”. Bem-vindo a mesmice e a falta de diferenciação. Bem-vindo ao cluster. Bem-vindo ao mundo chato, onde tudo está cada vez mais careta e literal.

Agora… Se você quer trilhar novos caminhos, fazer coisas que ninguém nunca fez antes e inspirar mudanças nos negócios das marcas, você precisa fazer diferente. E para fazer diferente você precisa inovar e arriscar. É aí que aumenta o seu risco de errar.

Acontece que a nossa sociedade não aceita o erro. Errar não é bom e ninguém gosta. Errar é ruim. Não pode. É coisa de incompetente. Quem tem medo de errar faz o arroz com feijão para não comprometer o emprego.

Foi por isso que eu fiquei feliz hoje quando li a matéria no M&M sobre o V Congresso da Indústria da Comunicação que fala sobre o futuro da comunicação. Uma pesquisa da Limo Inc indica o estímulo ao erro como uma característica do mercado para 2022. Mas claro que isso só acontece em ambientes onde a autonomia e o risco são estimulados.

Agora, eu duvido que os gestores de agências e clientes passem a valorizar o erro um dia. Duvido que a cultura do medo ao erro acabe um dia. Duvido que eles coloquem essa imagem abaixo colada nas paredes de suas agências ou empresas.

E você, pode errar?